“Meu amor é o Timão, ‘Coríntia’, cada minuto dentro do meu coração”, entoava com sua voz rouca pelas ruas paulistanas uma das mais importantes figuras musicais da cidade. Há exatos cem anos, nascia João Rubinato, filho de imigrantes italianos que se imortalizou com o nome artístico Adoniran Barbosa, uma figura que respirava samba, e respirava Corinthians.
A pouco menos de um mês da comemoração do centenário corintiano, a ser completado no próximo dia 1º, a cidade de São Paulo celebra os cem anos do nascimento do “poeta do povo”, ator, cantor, e sobretudo compositor. Imortalizado não só na história musical paulistana, Adoniran foi propagandista voluntário do Corinthians, seu time de coração. No rádio, desempenhou o papel do negro Charutinho, no programa semanal “Historias das Malocas", difundindo a imagem do clube entre os pobres e moradores da periferia, e gravou seu nome na história alvinegra com o samba “Coríntia (Meu amor é o Timão)”.
Autor de diversos sucessos, como Saudosa Maloca, Tiro ao Álvaro, Samba do Arnesto, Iracema e Bom Dia Tristeza, Adoniran ficou marcado pela sua mescla genial da linguagem dos imigrantes italianos com expressões dos paulistas do interior do estado. Em 1965, ganhou mais projeção fora dos limites do estado de São Paulo ao conquistar com a canção “Trem das Onze” o concurso do Carnaval do quarto centenário do Rio de Janeiro.
Homenagem póstuma ao campeão
O “poeta do povo”, da voz rouca, e de alma mosqueteira, que tanto retratou e homenageou tradicionais bairros paulistanos, como Brás, Bixiga e Jaçanã, morreu 19 dias antes de ver o Corinthians ser campeão paulista em 1982, o 18º título estadual do clube do Parque São Jorge. Na ocasião, foi homenageado pelo radialista Osmar Santos.
- O poeta do povo continua vivo, imortal. O poeta do povo está sorrindo como nunca com você, Corinthians. Sorrindo feliz, cheio de vida. Vida no peito e na alma de todos os corintianos que, como ele, sabem que você, Corinthians, está sempre um eterno e fantástico poema do povo.
Poetas e poemas do povo não morrem nunca, jamais!
Poetas do povo como você, Adoniran, e poemas do povo como você, Corinthians, parecem estar sempre renascendo minuto por minuto, verso por verso, poetas e poemas do povo, parecem ter o dom da imortalidade da vida. Corinthians Campeão de 1982, o grande poeta do povo e de todos os corintianos está nesse momento agradecendo a você, Corinthians.
Confira a letra da principal composição de Adoniran Barbosa em homenagem ao Corinthians:
intérpretes de Adoniran
Coríntia (Meu amor é o Timão)
Como é bom ser alvinegro
Ontem, hoje e amanhã
Respirar sua mistura
Do Tietê e Tatuapé
Lá no alto a Velha Penha
Tem Anchieta e Bandeirante
Tem São Jorge lá na lua
Vem suando a paz em dia
Onde mora um gigante
Tem igreja e tem biquinha
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
E São Paulo em extensão
Mogi, Guarulhos e Itaquera
Tudo vibra Coringão
É o Coríntia de nós todos
É Paulista, é campeão.
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