sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Adilson Batista: 'Quero de volta o Ronaldo que eu vi em 2009'!!!

Dois desafios tiram o sono de Adilson Batista no Parque São Jorge. O primeiro, uma luta diária, é devolver Ronaldo ao futebol. O técnico tem até participado de treinos físicos para ajudar a afinar a silhueta do atacante, que só deverá voltar a jogar em 29 de agosto, contra o Vitória.

O segundo, e pontual, é manter o tabu que já soma nove jogos sem derrotas para o São Paulo, adversário de domingo, às 18h30, no Pacaembu. Adilson não quer ficar marcado pelo fracasso – e muito menos sentir a primeira pressão depois de ter substituído Mano Menezes no cargo, há pouco menos de um mês.

Confira uma entrevista exclusiva com o técnico Adilson Batista

Em entrevista exclusiva, ele afirmou que o rival precisa mais da vitória do que o Timão, falou sobre reforços para a temporada e relutou o status de “obsessão” para a conquista do Brasileirão no ano do centenário:

LANCENET:Seu quarto jogo pelo Corinthians e o segundo clássico pela frente. É bom começar assim?
Adilson Batista: Não escolho. Aprendi com o doutor Fábio Koff que quem faz a tabela é o time. Não dá para escolher adversário. Sei da importância do clássico. É um jogo difícil, um adversário que conhecemos.

Adilson acredita em Ronaldo. Você, corintiano, também?

LNET!: Acha que esse clássico servirá para mostrar onde o Corinthians pode chegar no Brasileiro?
AB:
O importante é a regularidade. Eles estão em uma situação um pouco abaixo, precisam mostrar bem mais do que nós. Mas também temos nossos objetivos, pensamos lá na frente, em sermos campões. Temos de manter nosso aproveitamento em casa, que é muito bom. Vamos jogar para ganhar.

LNET!: Há algo de negativo em assumir o time de Mano Menezes já embalado na competição?
AB: Quem é profissional tem de saber lidar com cada situação. É mais uma experiência. Trabalhei em três clubes em uma situação difícil e conseguimos sair, casos do Grêmio, Paysandu e Figueirense. Depois, iniciei trabalhos em outras equipes. Agora, assumi o Corinthians na décima rodada, enfim, em primeiro. Mas é normal.

LNET!: Tabu é uma coisa que mexe com você? O que pensa do atual?
AB: Tabu está aí para você quebrar ou manter. É importante. Não me preocupo. Mas é importante manter o retrospecto em cima de um rival tradicional como o São Paulo.

LNET!: Para você, qual o maior rival: Palmeiras ou São Paulo?
AB: Tenho respeito pelos dois. Sei da importância desses clubes e procuro tratá-los profissionalmente, respeitando, sabendo da importância de ganhar o jogo, o que representa para o torcedor. São adversários difíceis e tenho de respeitá-los.

LNET!: No Cruzeiro, você tinha ampla vantagem contra o Atlético Mineiro. Você é pé-quente em clássico?
AB: Não tem o “pé-quente”. Tem o trabalho, um grupo, organização, momento, o adversário... Às vezes, o outro time é superior. Isso é mérito dos atletas, tive um bom grupo no Cruzeiro. Isso fez a diferença.

LNET!: Quando o Corinthians foi eliminado da Copa Libertadores deste ano, todos admitiram que a obsessão pelo título no ano do centenário prejudicou. Pode atrapalhar também no Brasileirão?
AB: Li uma declaração importante de Roberto Carlos e concordei. Foram sete Libertadores que o clube disputou, e não pôde ser neste ano. O Corinthians jogou bem contra o Flamengo no Pacaembu, teve dificuldades em função da chuva no Maracanã, mas são apenas sete anos, em cem de História. Vejo o clube organizado, tranquilo, com um excelente ambiente, com a torcida sempre incentivando e com paciência. Aplaudiram quando perdeu. Então, você vai crescendo e, daqui a pouco, ganha. É importante ter uma sequência. Quero retribuir o carinho que foi dado pela torcida naquela noite. Eu não estava, mas vi. Sei da importância que é retribuir o carinho do torcedor no momento em que ele acha importante vencer um torneio. É uma troca.

LNET!: Mas o fato de o Brasileirão ser considerado a nova obsessão...
AB: O Brasileirão não é obsessão. O Corinthians já tem quatro conquistas. Claro que quer a quinta. Só que outros adversários podem conquistar o campeonato. Então, queremos retribuir o carinho do torcedor que foi dado na Libertadores, e sabemos da importância do ano do centenário. Seria a coroação de uma História dentro do clube, mas sabemos das dificuldades. Vamos tentar.

LNET!: A cobrança pelo título da Copa Libertadores no Corinthians é diferente da feita em outros clubes?
AB: Não é questão que seja igual. Por exemplo, o gol de 1977 de Basílio foi diferente. O título da Libertadores, quando vier, será diferente. Como foi diferente para o Grêmio em 1983, para o São Paulo, em 1991, para o Palmeiras, em 1999. Tem um significado importante. Vamos trabalhar para conseguir. Agora, primeiro, vamos pensar no Brasileiro.

LNET!: Você jogou pelo Corinthians em 2000. O que melhorou no clube?
AB: Está melhorando. Vamos, em breve, para um grande CT (Centro de Treinamento, no Parque Ecológico). Um profissional precisa de tranquilidade para trabalhar, todos os que estão aqui querem vencer. Dentro de campo, é outra história. Lá têm o direito de se manifestar, de cobrar, de apoiar, de incentivar, enfim... Aqui está bem tranquilo, bem organizado, o vestiário é só nosso. Isso é uma coisa importante.

LNET!: Você já teve de dar satisfação para torcedor em um treino...
AB: Eu entendo o torcedor, tenho respeito pelo torcedor. Ele quer uma satisfação, e às vezes não custa dar. A forma como acontece a cobrança pode nos deixar chateados. Mas naquela vez foi tudo tranquilo.

LNET!: Existe gana na comissão técnica para que Ronaldo volte a jogar? Como tem sido a relação com ele?
AB: Eu tenho um carinho, um respeito por ele. Sei o que representa o profissional, quero ajudá-lo, estou fazendo a minha parte. As pessoas precisam entender que ele tem 34 anos, uma série de lesões, estava há três meses sem jogar e que é normal ter um excesso no peso, é normal sentir algumas dores quando se volta. Quero o Ronaldo que vi contra o Internacional (na final da Copa do Brasil de 2009), até aquele que vi contra nós lá no Mineirão (em 19 de julho, no Cruzeiro 1 x 2 Corinthians). Acho possível. Minha intenção é a de que ele volte e consiga jogar aquilo que jogou, que eu vi recentemente. Ele vai nos ajudar. Minha função é ajudá-lo também.

LNET!: Você tem feito mais do que o papel de técnico? Teve um treino em que você estava o segurando no exercício com um elástico.
AB: Na realidade, ali eu era a sobra e foi dividido pelo peso (risos). Brincadeira! Claro que é importante você estimular, e Ronaldo é um cara inteligente. Eu tenho minha função de treinar, planejar, mostrar, explicar, cobrar... Também tenho minha ambição de ganhar e preciso respeitar os outros profissionais. Mas estou ajudando. A minha função é essa. Falei para vocês (jornalistas) que Edmundo estava parando no Figueirense. Foi lá, trabalhou, fez gol, jogou bem, e assinou mais dois anos de contrato com o Palmeiras. Outros atletas também.

LNET!: Trazer um atacante será crucial para a sequência do Campeonato Brasileiro ou dá para seguir com o que você tem dentro do grupo?
AB: Não sou de ficar lamentando, reclamando. Eu trabalho, dou sequência. A intenção não é a de pensar só no Brasileiro, é na sequência. Tenho contrato até dezembro do ano que vem. É pensar lá na frente e qualificar o elenco. Teremos 15 jogos em 50 dias. O clube está atento.

LNET!: Qual a característica que você procura nesse jogador de frente?
AB: Que faça gol. Que seja inteligente, que acompanhe o raciocínio dos demais, que seja participativo, que tenha o espírito do Corinthians. Um atleta que insista, lute, brigue... Que seja um jogador técnico. Eu gosto de jogador habilidoso. Sou fã de Careca, Ronaldo. Tem tanto jogador. Reinaldo, Tostão...

LNET!: Por que você encerrou a carreira jovem? Foram as dores e lesões, como no caso do Ronaldo?
AB: Eu achei que era o momento de parar e decidi. Não me arrependi. Seis meses depois, eu estava trabalhando no Mogi Mirim. Temos de respeitar a individualidade da pessoa. Eu quero ajudar Ronaldo a dar sequência na carreira dele.

LNET!: Como vai ser agora para você esse quebra-cabeça no gol? Bobadilla foi liberado e Julio Cesar fez boas partidas. Vai mantê-lo?
AB: Estou tranquilo. Isso não quebra a cabeça. Estou bem servido, Bobadilla é um grande goleiro, experiente, logo vai ter a oportunidade. Julio também vem trabalhando bem, é um garoto de futuro e está demonstrando confiança. Estou tranquilo, porque o Corinthians está bem servido de goleiros.

LNET!: Mas vai manter Julio?
AB: Isso é segredo de estado. Eu já sei o que eu vou fazer (risos).

LNET!: Dá para indicar os favoritos para o Campeonato Brasileiro?
AB: Existem alguns que estão no caminho certo, mas é cedo para apontar. Vejo que esses 15 jogos no campeonato em 50 dias (durante os meses de setembro e outubro) vão encaminhar os prováveis ou o provável favorito. Vamos aguardar.

LNET!: O que achou de Muricy Ramalho não ter aceitado o convite para dirigir a Seleção Brasileira? A atitude dele ajuda os treinadores?
AB: Acho que ele tem um projeto bonito de carreira. Eu gosto muito de Muricy, respeitamos a decisão. Acho que ele agiu de maneira correta. Ouvi ele antes de vir para o Corinthians, e ele me aconselhou a vir. Então, nesse caso, temos de respeitar a individualidade de cada um.

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