Pela primeira vez desde que foi afastado do elenco profissional do Corinthians, o goleiro Felipe concedeu uma entrevista coletiva no escritório dos seus empresários, na zona sul de São Paulo, na manhã desta quarta-feira. O jogador deu a sua versão do que aconteceu e colocou o presidente Andrés Sanches como seu inimigo.
No mesmo ambiente estava sua mãe, Dona Rita, que do alto de uma escada rezava pelo filho. Enquanto isso, o goleiro falou sobre a acusação de abandono, as conversas com o presidente, assédio moral, relação com a torcida e de propostas que foram recusadas pelo Timão durante esse período.
Nesta quarta, os empresários do jogador se reúnem com a diretoria para tentar a rescisão contratual.
Confira abaixo, em tópicos, os pontos mais importantes da coletiva concedida pelo goleiro, que em três anos de clube fez 194 jogos e conquistou três títulos: a Série B de 2008, o Campeonato Paulista de 2009 e a Copa do Brasil no mesmo ano. O camisa 1 tem contrato até o fim de 2011.
Abandono
“Isso é mentira. Não abandonei o clube. Os meus empresários avisaram ao Corinthians sobre a proposta do Genoa e o clube aceitou de imediato. O Andrés ainda disse para eu falar com o Mano, que era o único que, segundo ele, poderia barrar a minha saída. Conversei com o Mano, ele aceitou e depois eu fui falar com o Gobbi, que me deu a ordem para eu assumir todo o ônus com a torcida, porque eles não queriam se indispor com os torcedores”.
Inimizade com Sanches
“Já perguntei a pessoas próximas a ele, já perguntei a ele também, mas não tenho uma resposta. Não sei o que fiz de tão grave para ele não gostar de mim. De repente foi pela confusão de 2007, da renovação de contrato. Mas aquela vez eu só cobrei algo que o próprio Andrés tinha me prometido, antes mesmo do jogo do rebaixamento, contra o Grêmio. O que parece agora é que deixou de ser um problema clube x funcionário. Agora é Andrés x Felipe”.
Relação com a torcida
“A ideia do clube sempre foi que eu saísse. Aliás, eu sempre tive de dar entrevista para explicar coisas que surgiam e não tinham nada a ver. Até mesmo quando estava machucado eu precisava falar que estava tudo bem, que não estava fazendo corpo mole. Eles falavam para todos que eu era mau de grupo. Ninguém vai apagar o que eu fiz no Corinthians. Tenho 194 jogos e três títulos. A minha imagem sempre vai estar lá como campeão da Série B, do Paulista e da Copa do Brasil”.
Assédio moral
“Eu ouvi o presidente falando que gosta de mulher. Eu também gosto. O que eu disse não foi assédio sexual, mas sim moral. Eles me deixaram 15 dias na academia, mas sou goleiro, não tenho de ficar musculoso, tenho de ir para o campo, treinar com bola. A única coisa que pedi era que eu pudesse ter um preparador de goleiros. Mas só depois que entrei no sindicato é que eles liberaram o preparador dos juniores para trabalhar comigo”.
Dois pesos e duas medidas
“Demos azar porque mudou a lei de jogadores estrangeiros na Itália. E o Genoa optou por não gastar a única vaga que tinha com um goleiro. O Corinthians, claro, não era obrigado a me liberar, mas eles soltaram uma nota oficial dizendo que eu queria sair, me jogando contra a torcida. Eu já vi, não é que me contaram, eu vi mesmo outro jogador na sala do presidente pedindo para sair e ele não liberando. Aí eu pergunto: soltaram nota oficial? Claro que não”.
O rival Andrés Sanches
“Teve uma época que eu estava com três meses de direito de imagem atrasado e fui falar com o presidente depois de um jogo que vencemos o Santo André por 2 a 1, em Barueri. A resposta dele foi que tinha quitado o grupo todo, mas a mim ele iria pagar apenas quando quisesse. Eu peguei minhas coisas e fui para casa”.
“Primeiro quero saber ao certo qual o pensamento do clube. Só quero uma certeza. Não quero mais joguinho. Não adianta os meus empresários conseguirem alguma coisa e depois eles não liberarem e ainda dizerem que quero sair. Se for o último caso, posso até pensar em uma rescisão”.
Quase em Portugal...
“Eu recebi uma proposta do Braga, de Portugal, e os meus empresários levaram ao Andrés. Ele aceitou, eu já estava de malas prontas, mas ele ligou dizendo que mudou de ideia e que eu iria jogar com o Vampeta, no Nacional”.
Não para a Grécia
“O Corinthians queria me mandar para o Panathinaikos para pagar uma dívida de parcelas da compra do Souza. Mas eu não aceitei isso. Talvez o que estão fazendo comigo seja uma punição. Só quero que as coisas se resolvam logo”.
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