A cena já completou 13 anos, mas ainda está bem viva na memória. Foi em 9 de março de 1997 que uma menina de Presidente Prudente pisou, pela primeira vez, num estádio de futebol. O pai, Clóvis, corintiano roxo, não perdeu a chance quando o time foi à cidade. E num clássico contra o Palmeiras, pelo Paulista de 1997. O Prudentão não estava todo terminado. Mas nem isso o impediu de levar para o jogo a filha de dez anos, com nome tupi que significa estrela.
E ela se sentiu no céu. Ao chegar, olhou para a arquibancada. A Fiel lá, em peso. A primeira cena já impressionou. Depois, veio a glória. Na entrada do time em campo, olhou para o goleiro Ronaldo. Ele saudou a massa e caminhou para o gol. Bateu três vezes com o pé nas traves e fez o sinal da cruz. Era tudo o que a atriz Thaila Ayala queria ver. Naquele momento, seus dois maiores heróis pareciam apenas um. O resultado, o empate por 2 a 2, virou mero detalhe.
- Meu pai chegou a jogar com o Ronaldo. Também era goleiro, e ensinou para ele nas peladas aquele ritual para dar sorte. Quando fui ver o jogo, fiquei esperando-o fazer aquilo. Foi uma emoção imensa. O Ronaldo era incrível. Já o considerava meu ídolo antes disso... E esse foi o primeiro e único jogo na vida que fui com meu pai. O final nem chegou a ser feliz, porque não vencemos. Mas acabou se tornando um bom batizado como corintiana, até na adversidade. E esse jogo se tornou inesquecível - disse Thaila, em entrevista no Projac, em meio às gravações de "Ti-ti-ti", novela das 19h da TV Globo, em que interpreta a personagem Amanda.
Até que a partida foi importante para a campanha que daria o título paulista para o Timão. Donizete abriu o placar para a equipe, aos 25 minutos do primeiro tempo. Luizão e Viola, dois ídolos marcantes na história do Corinthians, estavam do outro lado e viraram o jogo para o Palmeiras. Mirandinha, aos 38 minutos da etapa final, evitou a derrota e fez a alegria da fiel debutante.
- Lembro que a gente ficou perto de um lugar no estádio que ainda estava em obras. No primeiro gol, pulei no meu pai, foi uma vibração enorme, uma adrenalina. Quando o Palmeiras virou, ficou um silêncio no estádio. Lá em Prudente é incrível, todo mundo que conheço é corintiano. Por isso, a loucura no fim do jogo, com o empate. Aquele time era muito bom. Além do Ronaldo, adorava o Marcelinho Carioca. Muitos anos depois, o vi num posto de gasolina, aqui na Barra. Eu não sabia o que fazer. Fiquei estática - confessou.
Se quando viu o ídolo de perto Thaila não esboçou reação, não se pode dizer o contrário em sua vida. A atriz começou cedo a carreira de modelo. E pegou logo a estrada. Depois, se tornou atriz. Com a distância física dos pais, que se separaram, ficou mais complicado o encontro com seu Clóvis para assistir às partidas do Timão. As amigas passaram a ser companhia no Pacaembu ou Morumbi. Mas o elo corintiano com o pai seguiu mesmo após a sua morte, em 2004.
- Lembro muito bem que, quando cheguei para o velório com a bandeira do Corinthians para cobrir o caixão, foi uma emoção muito grande. Ele tinha feito esse pedido. Ainda brincou. Disse que se não fosse enterrado com a bandeira viria para puxar o meu pé - disse, emocionada.
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