Alterações na atual dieta das populações do planeta são uma das principais formas propostas para se reduzir o impacto do aquecimento global na produção mundial de alimentos. De acordo com o Fundo Ecológico Universal (FEU) - uma organização não governamental que divulgou ontem o mais completo estudo já realizado sobre o assunto -, tais mudanças são necessárias para que o número de desnutridos no mundo não aumente de forma exponencial. A adaptação dos cultivos à nova realidade é uma outra maneira. Segundo os especialistas, o ganho na produção pode ser de até 10%.
O consumo médio de cereais, em todo o mundo, é de 43%, enquanto que quase 18% são raízes e tubérculos (como, por exemplo, batata e batata-doce). Já a média global de consumo de proteínas tem sido de 9% de carnes e derivados, e 20% de leite e produtos lácteos (excluindo manteiga) desde 1990.
Mais feijões e lentilhas como fonte de proteína
Para enfrentar a diminuição da produção de alimentos e ainda manter uma dieta equilibrada e saudável, algumas das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) poderão ser revistas. Por exemplo: comer mais raízes e tubérculos em vez de cereais.
A produção desses alimentos precisaria aumentar. Porém a expansão do cultivo de batatas teria que ser feita em regiões de temperaturas mais baixas, já que o calor é um fator que limita grande parte da produção. Neste caso, a melhor adaptabilidade das batatas-doces torna este tubérculo o mais adequado para um aumento na produção.
Com relação às proteínas, poderiam se buscar outras fontes, elevando-se o consumo de leguminosas como feijão e lentilhas, cujo teor deste nutriente varia de 18% a 25%. Em países em desenvolvimento, o consumo de leguminosas corresponde a 5% da dieta diária, enquanto nas nações ricas este índice é de apenas 0,5%. A produção de lentilha - que tem 25% de proteína - poderia ser aumentada significativamente, deslocando-se o plantio da primavera para o início desta estação ou no outono.
De acordo com os especialistas, algumas mudanças cruciais poderiam ser adotadas também para adaptar a agricultura mundial a um mundo mais quente. Uma delas seria a realocação de cultivos e da criação de gado (com mudanças também nos períodos do ano destinados a cada etapa do processo), além do uso mais eficiente da água em regiões com menor precipitação de chuvas.
O relatório reforça a necessidade de um planejamento mais efetivo para a adaptação às mudanças climáticas e investimentos em novas tecnologias e infra-estrutura. O ideal, claro, seria que os países chegassem finalmente a um acordo para a redução dos gases-estufa, o que poderia conter a elevação das temperaturas num patamar menos perigoso, abaixo dos 2 graus Celsius.
Até agora, entretanto, todos os esforços para se alcançar um acordo global nesse sentido fracassaram. Para que alguma mudança significativa fosse alcançada, os países desenvolvidos - que respondem por 50% das emissões - precisariam reduzir seus lançamentos drasticamente, de 25% a 40% abaixo dos números de 1990, até 2020.
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