terça-feira, 31 de agosto de 2010

Marcelinho: 'Os corintianos não olham meus erros'!!!

Emoção. Esta é a palavra que melhor define a entrevista do Embaixador do Centenário do Corinthians, Marcelinho Carioca, ao colunista Benjamin Back, no programa “Papo com Benja”, da TV LANCE!. Nesta segunda, o jogador que mais conquistou títulos com a camisa do Corinthians (dez) abriu o jogo sobre as situações mais difíceis que passou pelo Timão. Confira!


Benjamin Back: Sinceramente, você esperava fazer tanta História no Corinthians?
Marcelinho:
Não, não. Eu pensei : “Vim para fazer História”, mas eu tinha a ideia de fazer grandes jogos, grandes gols e não ser tão importante assim para o clube. Morava há 20 anos no Rio de Janeiro, soltava pipa na rua, sai dali e vir para São Paulo foi complicado. Aí no primeiro jogo, você já faz gol. Na hora que você vê aquela nação te abraçando daquele jeito, fui no alambrado e me arrepiei.

B B: Tem noção do que você representa para o clube?
M:
Eu nem quero ter essa noção. A cada ano que eu jogava pelo Corinthians, queria fazer mais. O maior reconhecimento para mim foi o posto de embaixador do clube. Você ser algo tão importante do clube que você ama é maravilhoso. O tratamento do torcedor comigo é um negócio louco, apaixonante demais.

B B: As pessoas diziam que você era um cara maldoso quando jogava. Isso te incomoda?
M:
O maior responsável sempre fui eu, que deixei as pessoas confusas. Elas achavam que por eu falar muito de evangelho, não poderia errar. Mas eu ia para a porrada mesmo. Podia ser meu pai, meu irmão, meu filho, eu ia para cima. Nunca fui maldoso. Não ia para quebrar o meu colega, mas eu já fui duro, dei cotovelada, mesmo. Apanhava, mas sabia revidar. Não me incomodava, não. Você só pode falar de uma pessoa quando você convive com ela. Sou tranquilo.

Papo com Benja - Marcelinho Carioca - íntegra

B B: Incomoda falar o que pensa?
M:
Muito. Nunca vou me privar disso. Não gosto de inverdades, injustiças... Não tive a melhor roupa, a melhor vida, mas sempre tive uma ótima educação dos meus pais. Então não ia me vender por qualquer coisa. Quando eu errei, não queria enganar, mas sempre tive humildade para pedir desculpas, ajuda, qualquer coisa.

B B: O que você sentia quando via a multidão corintiana gritando “Uh, Marcelinho”?:
M:
É lindo, apaixonante. Não ando com segurança, sou do povão. Fui lá no meio da Gaviões da Fiel no jogo contra o São Paulo, um calor muito forte, e os caras olhando para mim e falando: “Canta aí, pô! Aqui é Corinthians!”. Comecei a visualizar, eu dentro de campo, você vê tudo preto e branco e tira força de onde não tem. Pensa que tem de fazer a melhor jogada, o melhor gol, subir naquele alambrado e pular nos braços da Fiel torcida.


B B: Você sempre foi muito poupado pela torcida, mesmo nas piores situações...
M:
Eu vivenciei dois momentos muito fortes. Em 1994, no ano inteiro, não tinha feito nenhum gol em cima do Palmeiras. Aí bato uma falta de longe, a bola faz uma curva e entra. Eu fui, não vi nada e nem a bandeira. Dei de três dedos na bandeira, que era de maneira. Ali foi a consagração. Superei. O outro foi na Copa Sul-Americana, quando fui expulso com cinco minutos de jogo, no vestiário achei que os caras iam me pegar. O Freddy (Rincón) me procurava, e eu escondidinho. Ele falava: “Você não pode fazer isso!” (risos).


B B: O que é o Corinthians na sua vida?
M:
O Corinthians é minha vida, minha história e meu amor. É um homem que procura uma mulher e ele encontra a mulher da vida dele. Acontece o casamento perfeito, têm as brigas, coisas normais, mas nunca se separam, nunca vão na justiça querendo o divórcio, nada. Venci com dúvidas sobre a minha personalidade. Agora, eu vejo que o Corinthians é verdadeiro para mim, algo fora do normal. É passar na Marginal e pensar: (pausa) “Meu, eu fiz história neste lugar” (diz com a voz embargada). Eu vou poder olhar para trás, ver a História e poder dizer que há 30 milhões de corintianos que não olham meus erros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário